Adolescentes e depressão
A incidência de depressão na adolescência vem alarmando especialistas, que alertam sobre um crescimento absurdo no número de casos entre os adolescentes. E ao contrário do que muitos imaginam, não se trata de um drama visando chamar a atenção dos pais.

A depressão é uma doença que precisa de tratamento e acompanhamento, visando evitar as sérias consequências da doença, não só na fase da adolescência, mas também da vida adulta.
O que causa a depressão em adolescentes?
Não existe somente uma causa ou uma razão que possa ser especificada como a causadora da depressão na adolescência.
Traumas na infância, falta de atenção dos pais, a ausência da figura paterna/materna, bullying, dificuldade de lidar com frustrações e alguns outros fatores podem desencadear o problema.
A exposição da vida diária é um outro fator que pode desencadear a depressão na adolescência. O jovem ainda não tem maturidade emocional para lidar com a “vida perfeita” que é exposta nas redes sociais dos colegas, acaba por se comparar e achar que a própria vida não tem valor ou sentido, por não ser maravilhosa como a vida que o colega expõe.
É papel dos pais acompanhar e orientar seus filhos com relação a não existência dessa tal vida perfeita. Ignorar o sofrimento dos adolescentes ou achar que é mero drama acaba por piorar o quadro de depressão, uma vez que o adolescente sente que não tem com quem contar.
Sintomas de depressão em adolescentes
A depressão é uma doença que apresenta diferentes sintomas, cada adolescente reagirá ao problema de uma forma, por isso, é importante perceber principalmente as mudanças de comportamento do seu filho. Além disso, fique atento aos seguintes sintomas que são mais comuns:
- Irritabilidade ou instabilidade emocional;
- Sonolência excessiva ou insônia;
- Isolamento social;
- Dificuldade de se concentrar nas atividades cotidianas;
- Apatia;
- Automutilação;
Identificar a depressão na adolescência é um desafio, uma vez que nessa fase, as mudanças de comportamento e humor são comuns, principalmente devido às mudanças hormonais e físicas que ocorrem durante a adolescência.
Outro fato importante, que pode dificultar a identificação do transtorno é que o humor do transtorno depressivo nesta faixa etária é predominantemente irritado, ao invés de deprimido.
Uma vez que algum desses sintomas seja percebido, é preciso manter a mente aberta e conversar com esse adolescente, visando entender o que está acontecendo.
O ideal é que os pais conversem sem julgar e sem tentar resolver a questão, diminuindo os sentimentos do jovem. O adolescente precisa se sentir entendido e acolhido, como um primeiro passo para a busca do tratamento ideal.
Essa conversa conduz o adolescente para a busca do tratamento médico. Ter uma conversa inicial aconselhando abertamente o jovem a procurar ajuda médica, auxilia que esse tratamento seja visto pelo adolescente como algo positivo, evitando a criação de resistências com relação a procurar ajuda.
Tratamento para depressão
Muito embora os pais precisem conversar com o filho, aconselhar e cuidar, essa conversa inicial não é o tratamento do problema.
Se o adolescente apresentar melhora momentânea, é preciso entender que mesmo assim a consulta com psiquiatra é importante para que o tratamento correto seja ofertado.
A depressão na adolescência é um problema de saúde que precisa ser tratado. Os pais precisam entender que esse “drama adolescente” não é um drama e sim uma doença que precisa de acompanhamento médico para que o adolescente possa se recuperar do problema.
Por isso, não se pode abrir mão da consulta com o especialista, visando evitar que a doença se agrave por negligência no tratamento. O fato de apresentar melhora momentânea após uma conversa com os pais não significa que a doença foi tratada.
É importante que os pais entendam a seriedade da depressão, visando protegerem seus filhos ao ofertarem o correto tratamento, afinal, a doença quando não é tratada tende a se agravar.
Dr. Anderson Silva
CRMSP 152951 - RQE 61217
- Mestre pelo Departamento de Psiquiatria da USP;
- Médico Psiquiatra Assistente do Hospital Sírio-Libanês;
- Membro da International Association for Child and Adolescent Psychiatry and Allied Professions (IACAPAP);
- Coordenador dos Cursos de Pós-graduação em Psiquiatria e Psiquiatra da Infância e Adolescência da Pós Médica/FABIN;
- Psiquiatra no Projeto PROADI-SUS da Telemedicina do Hospital Israelita Albert Einstein;
- Professor de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade 9 de Julho 2019 a 2021;
- Supervisor da Residência de Psiquiatria da Secretaria Municipal de São Bernardo do Campo 2018 a 2020;
- Editor Adjunto da Revista Debates em Psiquiatria 2022 a 2023;
- Especialização em Saúde Mental da Infância e Adolescência pela Unidade de Psiquiatria da Infância e Adolescência da UNIFESP;
- Especialização em Dependência Química na USP;
- Titulo de Especialista em Psiquiatria pelas Associações Brasileira de Psiquiatria e Médica Brasileira;
- Cursos em The Harvard Medical School: Psychiatry 2014 e Psychopharmacology: A Masters Class(2015);