O pensamento dicotômico geralmente está relacionado a um processamento inflexível de informações
O pensamento dicotômico geralmente está relacionado a um processamento inflexível de informações, podendo influenciar a maneira como pensamos, sentimos ou agimos.
A forma dicotômica de pensar é caracterizada por uma compreensão dos estímulos de forma binária, por exemplo, “tudo ou nada” ou “branco ou preto”.
Esta categorização pode facilitar a tomada de decisões, no entanto, entender os eventos como tendo apenas duas saídas pode trazer alguns prejuízos.
A dicotomização pode inicialmente ser descrita como uma reação cognitiva adequada em períodos inicias do neurodesenvolvimento. Quando uma criança é apresentada a uma situação nova ela tenderá a formar uma representação binária simplificada dos eventos (“ruim” ou “bom”). Após essa representação inicial, ela experimentará um componente emocional, como desconforto ou ansiedade.
Por fim, depois de uma representação dicotomizada do evento e de uma reação emocional, geralmente ocorrerá uma resposta comportamental à situação, que pode ser uma evitação, por exemplo.
Todas essas respostas cognitivas, emocionais e comportamentais podem variar em intensidade durante diferentes fases do neurodesenvolvimento.
Embora a percepção de eventos de maneira dicotomizada seja uma experiência universal da natureza humana ao longo do neurodesenvolvimento, manifestações mais extremas e persistentes têm sido associadas a transtornos de personalidade, transtornos alimentares, agressividade e traços mal adaptativos de personalidade.
Uma revisão sobre o tema, publicada este ano (2022) por Bonfá-Araufo et al. identificou que a visão de mundo binária é uma característica comum a traços socialmente mal adaptados.
Esse resultado sugere que indivíduos com traços desadaptativos são mais propensos a ter uma percepção pobre e tendenciosa de seu ambiente social.
Dr. Anderson Silva
CRMSP 152951 - RQE 61217
- Mestre pelo Departamento de Psiquiatria da USP;
- Médico Psiquiatra Assistente do Hospital Sírio-Libanês;
- Membro da International Association for Child and Adolescent Psychiatry and Allied Professions (IACAPAP);
- Coordenador dos Cursos de Pós-graduação em Psiquiatria e Psiquiatra da Infância e Adolescência da Pós Médica/FABIN;
- Psiquiatra no Projeto PROADI-SUS da Telemedicina do Hospital Israelita Albert Einstein;
- Professor de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade 9 de Julho 2019 a 2021;
- Supervisor da Residência de Psiquiatria da Secretaria Municipal de São Bernardo do Campo 2018 a 2020;
- Editor Adjunto da Revista Debates em Psiquiatria 2022 a 2023;
- Especialização em Saúde Mental da Infância e Adolescência pela Unidade de Psiquiatria da Infância e Adolescência da UNIFESP;
- Especialização em Dependência Química na USP;
- Titulo de Especialista em Psiquiatria pelas Associações Brasileira de Psiquiatria e Médica Brasileira;
- Cursos em The Harvard Medical School: Psychiatry 2014 e Psychopharmacology: A Masters Class(2015);