Desvendando o Transtorno por Uso de Álcool: Impactos e Implicações Clínicas
Uso Casual vs. Transtorno por Uso de Álcool
Primeiramente, é essencial entender que muitas pessoas consomem álcool, mas nem todas desenvolvem um transtorno por seu uso.
A nomenclatura evoluiu, passando de "alcoolismo" e "dependência de álcool" para "transtorno do uso de álcool". Dentro deste universo, muitos conseguem parar de beber por conta própria, entrando em remissão.
No entanto, outros necessitarão de mais recursos e tratamento especializado.

Realidade dos Tratamentos nos EUA e Desafios
Um estudo realizado em 2014 nos Estados Unidos, chamado "Face Addiction in América", revelou um panorama preocupante: de dez pessoas com transtorno por uso de álcool, apenas uma recebe tratamento especializado.
Além disso, muitos centros que oferecem tratamento para dependência não possuem pessoal devidamente treinado ou especializado, o que certamente impacta a eficácia do tratamento.
Consequências Econômicas e Clínicas
As consequências do transtorno vão além da saúde individual. Nos Estados Unidos, em 2015, os custos com tratamentos relacionados ao álcool atingiram impressionantes $249 bilhões.
Clinicamente, o transtorno por uso de álcool causa cerca de três milhões de mortes por ano, sendo a quinta maior causa de morte prematura e incapacidade.
Surpreendentemente, um terço dos adultos nos EUA, em algum momento da vida, se encaixaria nos critérios para diagnóstico do transtorno.
Impactos Diretos no Corpo: Esteatose e Cirrose
O álcool, quando consumido em excesso, tem impactos severos no corpo humano. As consequências clínicas mais comuns e preocupantes são a esteatose hepática, uma condição onde o tecido normal do fígado é substituído por tecido gorduroso, e a cirrose.
A esteatose em seus estágios iniciais é reversível, mas, quando evolui para cirrose, as possibilidades de reversão diminuem.
Varizes Esofágicas e Outros Riscos
Outro problema grave associado ao uso excessivo de álcool são as varizes cirróticas. Estas varizes, que podem ocorrer em outras partes do corpo, como estômago e reto, são extremamente perigosas.
Uma ruptura pode resultar em alta mortalidade. O consumo crônico de álcool também está relacionado ao desenvolvimento de carcinoma hepatocelular, um tipo de câncer de fígado. O diagnóstico, muitas vezes, é tardio, tornando o tratamento ainda mais desafiador.
Outras Consequências Graves e a Importância do Checkup
Além do fígado, o consumo excessivo de álcool eleva o risco de câncer de esôfago, que possui uma taxa de sobrevivência de apenas 25% em cinco anos. Também há debates sobre o impacto do álcool no risco de acidente vascular encefálico (AVC).
Estudos mostram que o consumo moderado pode reduzir o risco, mas o consumo alto aumenta significativamente.
Diante dessas implicações, torna-se vital realizar checkups regulares, principalmente em pacientes com histórico de consumo prolongado, para garantir uma detecção precoce de problemas clínicos.
Dr. Anderson Silva
CRMSP 152951 - RQE 61217
- Mestre pelo Departamento de Psiquiatria da USP;
- Médico Psiquiatra Assistente do Hospital Sírio-Libanês;
- Membro da International Association for Child and Adolescent Psychiatry and Allied Professions (IACAPAP);
- Coordenador dos Cursos de Pós-graduação em Psiquiatria e Psiquiatra da Infância e Adolescência da Pós Médica/FABIN;
- Psiquiatra no Projeto PROADI-SUS da Telemedicina do Hospital Israelita Albert Einstein;
- Professor de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade 9 de Julho 2019 a 2021;
- Supervisor da Residência de Psiquiatria da Secretaria Municipal de São Bernardo do Campo 2018 a 2020;
- Editor Adjunto da Revista Debates em Psiquiatria 2022 a 2023;
- Especialização em Saúde Mental da Infância e Adolescência pela Unidade de Psiquiatria da Infância e Adolescência da UNIFESP;
- Especialização em Dependência Química na USP;
- Titulo de Especialista em Psiquiatria pelas Associações Brasileira de Psiquiatria e Médica Brasileira;
- Cursos em The Harvard Medical School: Psychiatry 2014 e Psychopharmacology: A Masters Class(2015);